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Refúgio encantado
Luana Garcia de Moura
Depois de uma semana inteira de trabalho, nada melhor do que passear com minha família domingo na pracinha de minha cidade. Saímos cedo de casa, o dia estava ensolarado, e um leve vento soprava do sul, dando uma boa sensação de frescor.
Chegando à praça, escolhemos uma pedaço de relva verdinha para forrar a toalha e colocar a cesta de comida sobre ela. Assento-me e observo que, alheios à paz daquela praça, os prédios gigantes que a circundam parecem ter vida; não descansam. Os carros na rua também, acelerados, buzinando, não dividem comigo a sensação de tranqüilidade que aquele lugar me proporciona. No centro da praça, noto uma fonte de água límpida e fresca, perto da qual as pessoas se sentam para sentir a brisa, e crianças debruçadas em sua beirada tentam tocar o jato que sai da boca de um leão do chafariz. Jovens e idosos caminham na pista de corrida, e o vai-e-vem das pessoas me faz achar interessante aquele ritmo. Ao longe, um casal disposto na grama; a moça, lendo um livro, e o rapaz, deitado com a cabeça em seu colo, ambos se deixam embalar pela harmonia e sossego do lugar.
Mais próximo de mim, um carrinho de pipoca todo colorido, de pipocas igualmente coloridas, chama a atenção de crianças e adultos, que talvez nem gostem mesmo de pipoca, mas que ficam encantados com a cor e a magia daqueles pequenos flocos de milho. Um pai e seu filho empinam um papagaio, que parece planar sozinho no céu de nuvens escassas. As folhas das árvores se movimentam com o vento, dando mais vivacidade ao lugar, fazendo com que todos se sintam mais livres, revigorados. Tudo me chama a atenção: os casais que conversam e riem espontaneamente; os velhinhos que jogam xadrez e vibram quando fazem uma boa jogada; as pombas que brincam atrás de comida. Talvez esse seja o melhor momento na semana das pessoas que na praça se encontram. De fato, o meu é.
O pôr-do-sol chega bonito, iluminando o final de tarde. O céu agora se transforma numa aquarela de tonalidades mais suaves. Infelizmente essa cena é também o sinal de que o domingo se vai; é chegada a hora de voltar para casa. E passarei a semana ansiosa, contando os dias para o próximo domingo, em busca da tranqüilidade no meu refúgio encantado: a praça da minha cidade.