Sem que os alunos conhecessem o esquema básico de descrição, foi-lhes sugerida a seguinte atividade:
Observe com atenção a figura abaixo.
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Que sensações essa paisagem desperta em você? Tente retratá-la em um texto descritivo. Selecione o máximo de informações relevantes de modo que o seu texto forme um quadro. Se possível, utilize conotação. O seu texto deve conter quatro parágrafos (mínimo de 20 linhas e máximo de 40 linhas). Crie um título.
Dois textos de estilos diferentes foram selecionados. Leia-os e aprecie-os.
Se desejar, vivencie você também essa experiência descritiva e redija um texto a partir desta ou de outra paisagem que preferir, seguindo as orientações. Descubra o escritor que há em você!
Tropical
Danyllo Ferreira Quaresma Pêgas
A brisa corre em ritmo leve. Olhando para o alto, contempla-se o rei Sol, em todo o seu esplendor, radiando sua energia de vida em toda a área. Nada escapa do morno toque do rei Luz. A imensidão anil é marcada por pomposas nuvens alvas, que vagueiam no céu tranquilas e calmas.
Na planta dos pés, a aveludada areia dourada amacia o caminhar. Empregando um pouco mais de atenção, percebem-se as conchas, que mais parecem vibrantes arcos-íris de tão coloridas! Estrelas-do-mar, pequenos crustáceos, peixes de todas as formas e corais de todas as cores complementam as verdes águas claras num recife de coral cintilante e exuberante.
As palmeiras, esguias, dançam ao vento alegres e leves. Exalando o típico aroma atlântico, os coqueiros, amigos das dançantes palmeiras, oferecem seus frutos com toda a cordialidade. Em suas sombras, encontramos a paz, a calma, a fuga do cotidiano desgastante.
É aqui, no seio tropical, abraçado pelas cordilheiras alterosas e de frente ao infinito azul, que o homem se encontra com seu verdadeiro eu, se depara com seus valores, com seus amores, com seu estado de espírito. É aqui que o homem pode ficar à vontade.
Sob meus pés
Danusio Gadelha Guimarães Filho
Danusio Gadelha Guimarães Filho
Luz plena e leve, a conjunção perfeitamente harmônica entre a serenidade da mente e a excitação contínua dos sentidos. A água, as pedras, a muralha verde e marrom às costas, tudo funcionava como um espelho generoso dessa luz, como se para isso não bastasse a pradaria celeste, onde o Sol fecundava as nuvens com seu brilho. Nada ali transpirava a menor partícula de cansaço, de preguiça; era tudo vivo e forte, um reduto de energia no mundo.
As pedras, espectadoras fiéis da grandeza verde azulada do mar, incrustavam na memória dos pés suas impressões de milhares de horas ao vento e ao Sol; o corpo todo sentia suas vibrações, atravessado por uma corrente de indissolúvel alegria a cada beijo entre os dedos e a areia. As ondas, como que para esconder a lascívia desse beijo, cobriam sincronizadamente os amantes com seu branco lençol de espuma; voltando ao mar, levavam consigo um pouco daquele êxtase tátil.
O vento sibilante, das copas das árvores praianas, trazia um som próprio, um cheiro mais marcante, notícias sempre resguardadas dos olhos ávidos. Contra esse arauto da densidade verde brigava o Sol: se este saturava os poros de luz e calor, aquele se punha a insuflar frescor e leveza, misturando um aroma estranho à miríade de seculares aromas do lugar. Depois, a cada passo dado na orla, agitava a areia clara em torno das pernas, transformando a subserviente massa granulada numa audaz confusão de reflexos brilhantes.
O que mantinha tudo coeso era vedado aos sentidos: uma energia que a tudo parecia envolver, vinda da imensidão do mar, que embriagava por horas os olhos sempre sedentos. Dotada de uma força irresistível, transportava a alma para um passado bom, às vezes ilusório, deixando a cargo do físico alimentar a memória com esse viciante estímulo. Por muito tempo, caminhar-se-ia sobre a areia, sem ter que se chegar necessariamente a um final.