Texto narrativo (Em 12/05/15)


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Tema: “Para os grandes males, os grandes remédios! Tive que tomar essa decisão tão difícil em minha vida.”


           Narre uma história que aborde essa situação.

Um triste adeus

Mayara Peixoto Batista

       Minha família sempre foi muito pobre; já bem nova, tive que trabalhar para ajudar em casa. Aos dezessete anos, arranjei um emprego de atendente em uma loja da minha cidade. Nunca me atrasei nem tampouco faltei; tinha prazer em atender as pessoas.
       Porém, nem tudo são flores. Eu saía muito tarde do trabalho e minha cidade era muito perigosa — principalmente à noite. Sempre que dava, meu amigo me levava em casa, mas, naquela terça-feira, ele não pôde. Michael havia pegado o primeiro horário e saído mais cedo. Por mim estava tudo bem, afinal eu já tinha voltado sozinha outras vezes.
       No entanto, naquela noite havia algo diferente, até meio sombrio. A rua estava mais deserta do que de costume e mais escura também. A cada passo que eu dava, sentia o medo se apossando cada vez mais. Havia algo errado; eu podia sentir na minha espinha! Meu instinto me dizia para correr, minha razão pedia para eu me acalmar, mas eu só queria gritar. Gritar por que se nada havia naquela escuridão? Nada que eu pudesse ver. Mas o perigo estava lá, feito sombra a me espreitar.
    Meus passos ficavam cada vez mais largos; meu coração, acelerado, e minha respiração, ofegante. Eu estava em pânico. De repente sinto algo pontudo em minhas costas e uma mão quente me calando. Lutei enquanto pude, mas ele era mais forte. O que eu podia fazer além de chorar? Eu já não era dona de mim, nada mais era meu. Ele me roubou a alegria de viver, a vida e meu sorriso. A lua se escondeu, as estrelas choraram e a noite foi marcada pela dor. A minha dor!
       Fui tomada pelo ódio e pela amargura e transferi tudo para a criança que carregava em meu ventre. Tinha asco daquele bebê e de tudo que ele me fazia lembrar. Eu não o queria e o desprezava, até o dia em que minha filha nasceu. Eu me apaixonei, amei aquela criança no momento em que os meus olhos cruzaram com os dela. Quando a tomei em meus braços, senti a união de nossos corações. Éramos uma só vida, uma só alma. Era parte de mim! Apertei-a contra meu peito, relutando em entregá-la a um mundo desconhecido. Por fim meus braços amoleceram e, com lágrimas nos olhos, eu disse adeus àquele pequeno e lindo ser que, em apenas um segundo, fez com que eu o amasse profundamente.
       Foi a decisão mais difícil que tomei em minha vida! Fiquei destruída, sem um pedaço de mim. Vinte anos depois, não sei onde se encontra e nem como está. Aquele dia no hospital é a única lembrança que terei da minha filha.
     Para os grandes males, os grandes remédios, mas será que tomei a decisão certa? Não, com certeza não!